quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Música e Organização

"As Escrituras afirmam que, para haver edificação, é necessário haver organização (1 Coríntios 14.26-40)".


Dentro da Igreja nós temos diversos dons. Cada dom deve ser exercido para que a Igreja seja edificada. Se estes dons não forem exercidos com ordem, estes dons não irão edificar.


A ordem no texto consiste em tomar algumas medidas no planejamento do culto: deve haver um número reduzido de participantes. Nenhum participante pode exercer o seu dom ao mesmo tempo que o outro. Deve ser obedecida também uma hierarquia dentro da Igreja. As mulheres não devem usurpar a autoridade que foi delegada ao homem na Igreja nem usurpar esta autoridade no lar. Este princípio de obediência a autoridade se aplica da ovelha ao pastor, do membro ao dirigente do culto, da esposa ao marido, dos filhos aos pais, cada relação de autoridade a sua maneira, devendo se dinamizar de acordo com os padrões bíblicos. A maior de todas as submissões dentro da Igreja deve ser às Escrituras, àquilo que Deus revelou aos apóstolos e profetas, que devemos seguir, já que a Palavra se originou em Deus e não em nós.


Nós vivemos na cultura do jeitinho e do improviso e queremos transferir este improviso ao culto. Não queremos atender a horário, a planejamento, a autoridade; queremos que tudo seja feito sem muita regra, para que a possamos quebrar estas regras.


Se nós culturalmente somos assim, a Palavra de Deus deixa claro que Deus não é assim. Deus é Deus de ordem e paz. Deus criou todas as coisas com ordem de tempo, de lugar, de autoridade e de espaço. Nós devemos conformar o nosso culto ao caráter de Deus e não conformar o culto ao nosso caráter.


Como tem sido organizada a música de nossa Igreja? Será que temos pessoas responsáveis dotadas por Deus para liderar o louvor? Será que estamos dispostos a obedecer àquelas autoridades do louvor constituídas por nossas e Igrejas e assim, por Deus? Escolhemos as músicas dos nossos cultos com antecedência? Cumprimos aquela ordem estabelecida? Ficamos sempre a repetir as mesmas músicas ou escolhemos músicas que ninguém conhece?


A música deve edificar a Igreja. A música só irá edificar a Igreja se cumprir os requisitos do amor fraternal, da clareza na comunicação, do equilíbrio interior, do evangelismo aos perdidos e da ordem na programação.


Penso que a maior carência que temos nas Igrejas evangélicas hoje é de uma música edificante, uma música que nos leve a um amadurecimento espiritual, uma música que tenha rico conteúdo da Palavra de Deus, colocado de modo belo, objetivo e acessível a nossa cultura. A preocupação da maioria dos compositores evangélicos não tem sido produzir uma música de qualidade, mas uma música que faça sucesso, que dê retorno financeiro e que faça surgir mais uma celebridade gospel no meio de uma clientela específica.


A música dos nossos cultos não deve se moldar a padrões tão mundanos. A música dos nossos cultos deve trazer edificação para nossas vidas e não diversão para o povo. A música dos nossos cultos deve explicar com clareza o que a Palavra de Deus nos diz e não somente ter dois versos que podem ser aprendidos rapidamente para rapidamente serem descartados pelo próximo sucesso das rádios evangélicas.


Fico muito triste com irmãos que chegam para mim perguntando se eu conheço este ou aquele grupo novo de música evangélica. A idéia por trás desta pergunta é: “vamos usar esta música, pastor; todos a estão cantando; ela é muito bonita; por que precisamos ser tão fechados na música que usamos em nossos cultos?”. Pego o CD, procuro avaliar a letra e a música. Noto muitas vezes que aquele grupo tem uma teologia fraca, tem forte associação com falsos profetas e que tem um estilo de culto sem ordem e sem decência que é bem demonstrado em seus DVDs.


Fico me perguntando: “O que está acontecendo com a consciência evangélica? O que aconteceu com os autores de cânticos que produziam tanta música edificante no passado?”. Penso que o que está acontecendo é um vertiginoso processo de secularização que gerará Igrejas mortas como a Igreja Romana em seu namoro com o mundo. O principal meio de secularização da Igreja Evangélica brasileira é a música.


Nós não precisamos nos dobrar a isso. Não precisamos pegar este trem da História. Podemos ser aqueles que marcarão um rastro de sangue de fiéis, que pagarão o preço por uma adoração autêntica, e que continuarão em adoração verdadeira no Tabernáculo Celestial.

Autor: Carlos Renato de Lima Brito

Nenhum comentário:

Postar um comentário