segunda-feira, 20 de junho de 2011

Microfonia: Como Controlar Este Incômodo

Alguns problemas são crônicos na maioria das igrejas, independentemente do fato de seus templos serem grandes ou pequenos e de possuírem equipamentos melhores ou piores. Dentre estes problemas, quero destacar a microfonia.

1. Microfonia: O que é? Como combatê-la?

Basicamente, o processo causador da microfonia, também chamado de realimentação positiva do sistema de som, é o seguinte: o som sai do alto-falante, é captado pelo microfone, é transformado em sinal elétrico e reforçado pelo amplificador que, por sua vez, entrega este sinal ao alto-falante. O falante transforma este sinal em som, que é captado novamente pelo mesmo microfone, repetindo o processo indefinidamente.

A microfonia pode variar de acordo com a distância do microfone ao alto-falante, dos obstáculos que existam no local, do ângulo do microfone em relação à fonte sonora, dos filtros existentes no amplificador, dentre outras razões.

As principais causas de microfonia são:
  • tipo de microfone usado; 
  • posicionamento incorreto dos monitores e das caixas de PA; 
  • alto volume nos monitores e no PA; 
  • ganho excessivo nos microfones; 
  • equalização excessiva. 
Vamos entender cada uma destas causas.

1.1. Microfones

Há diversos tipos de microfones, mas os mais utilizados em Áudio são os dinâmicos e condensadores.

1.1.1. Tipos de Microfone

- Microfone dinâmico

Os microfones dinâmicos (figura 1) são conhecidos por sua robustez e resistência mecânica, além de serem muito populares. Os famosos microfones Shure Beta 58, Beta 57, SM-58, SM-57 e cia. são dinâmicos.

Num microfone dinâmico, a inércia do diafragma (pequena membrana suspensa no interior do microfone que, exposta a um campo sonoro, amostra continuamente as ondas acústicas) é maior que num condensador. Isto quer dizer que seu diafragma é mais rígido. Esta característica torna-o mais eficiente no manuseio de transientes, sinais de rapidíssimo ataque e curtíssima duração, que podem danificar alguns tipos de microfones e alto-falantes. Por esta razão, os microfones dinâmicos são considerados, em sua maioria, duros, o que os torna menos suscetíveis à microfonia quando comparados aos condensadores.


Figura 1 – Microfone dinâmico


- Microfone condensador

Os microfones condensadores são aqueles mais utilizados em estúdios (figura 2). Um microfone condensador possui diafragma menos rígido que o dinâmico tornando-se, por isto, mais sensível. Em função desta característica, o microfone capacitivo é conhecido como um microfone macio e é capaz de proporcionar resposta rápida e reprodução de qualidade, clara e com riqueza de detalhes. Esta característica também o torna mais sensível à microfonia.

Para que o microfone condensador funcione é necessário que o seu circuito interno seja alimentado. Essa alimentação pode ser feita por meio de uma pilha, de uma fonte própria que faz parte do kit do microfone, ou por phantom powering, processo pelo qual a tensão de alimentação é provida pelo mixer e enviado ao microfone através do cabo de áudio. Essa tensão de phantom power pode variar entre 9 e 52 volts, sendo normal o valor de 48 volts.



Figura 2 – Microfone condensador


1.1.2. Padrão de Captação

O padrão de captação é aquele que demonstra a forma como o microfone capta os sinais. Vamos entender como funciona.

Os microfones podem ser projetados para responder ou não igualmente aos sons que lhe atingem de diversas direções.

- Microfone omnidirecional

Microfones capazes de captar sons de todas as direções são chamados omnidirecionais (figura 3). Estes microfones são bastante utilizados em telefonia.




Figura 3 – Padrão Omnidirecional


Observe na figura acima como o som é captado por todas as direções.

- Microfone unidirecional ou direcional

Os microfones unidirecionais ou direcionais são aqueles que captam melhor os sons que incidem pela parte frontal e menos os sons de incidência lateral e traseira. Destes, o mais comum é o cardióide, assim chamado porque seu diagrama polar (diagrama que representa a captação de um microfone) é uma figura que lembra o coração humano (figura 4). A melhor captação conseguida com estes microfones se dá quando a fonte sonora está localizada dentro de 30° à direita ou esquerda do eixo central.




Figura 4 – Captação Unidirecional Cardióide


Compare as figuras 3 e 4 e observe a diferença entre as duas formas de captação. Veja que na figura 4, na parte traseira do microfone, não há qualquer captação.

Normalmente, os microfones utilizados para voz em eventos, shows, igrejas etc., são do tipo dinâmico e de padrão de captação cardióide.

Existem ainda, duas variações do microfone cardióide: os supercardióides e hipercardióides. Estes microfones têm seus ângulos de captação mais estreitos, o que os torna muito mais direcionais. No entanto, devido à sua construção, estas duas variações apresentam uma pequena captação na parte traseira do microfone, conforme mostrado na figura 5.




Figura 5 – Captação Supercardióide


- Microfone bidirecional ou figura de 8

Os microfones que aceitam igualmente sons frontais e traseiros, discriminando os laterais, são os bidirecionais (figura 6). São microfones mais utilizados em estúdios.



Figura 6 – Captação Bidirecional

1.1.3. O microfone, o padrão de captação e a microfonia

Como você já deve ter observado, o tipo de microfone e seu padrão de captação influenciam diretamente na ocorrência de microfonia. Microfones condensadores, por serem muito mais sensíveis que os dinâmicos, são muito mais suscetíveis à microfonia. Sendo assim, se você vai utilizar microfones onde haverá alto nível de pressão sonora (SPL), opte por usar microfones dinâmicos.

É muito importante também, que você observe o padrão de captação do microfone. Para situações de sonorização ao vivo, evite o emprego de microfones com outros padrões polares que não sejam os direcionais.

Evite também apontar o microfone para os monitores e envolver completamente sua cápsula com a mão (veja figura 7).



Figura 7 – Forma errada de segurar o microfone


Outro fator importante a destacar diz respeito ao posicionamento dos monitores e das caixas de PA, que dependem fundamentalmente do padrão de captação dos microfones utilizados.

1.2. Posicionamento incorreto dos monitores e das caixas de PA

Esta é uma das principais causas de microfonia. Quando o som oriundo das caixas de PA incide diretamente sobre os microfones, a possibilidade de ocorrer microfonia é grande. Sendo assim, evite posicionar os microfones no campo de projeção das caixas.

O posicionamento dos monitores também é crítico. Distribua os monitores no palco de acordo com o padrão de captação dos microfones utilizados. Veja as figuras 8 e 9.



Figura 8 – Posicionamento do monitor em relação ao microfone cardióide

Se você estiver usando microfones cardióides, o monitor pode ser posicionado diretamente atrás do microfone. Como o microfone cardióide rejeita os sons traseiros, não haverá microfonia.



Figura 9 – Posicionamento dos monitores em relação ao microfone supercardióide

Se os microfones em uso forem do tipo supercardióides ou hipercardióides, os monitores devem ser posicionados num ângulo de 120º em relação ao microfone, uma vez que a maior rejeição está nesta posição.

Outro problema em relação ao posicionamento dos monitores é a reflexão do som na parede de fundo do púlpito, que volta sobre o microfone gerando a microfonia. Sendo assim, posicione os monitores de forma a evitar a projeção direta do som sobre a parede de fundo do púlpito ou revista esta parede com material sonoabsorvente.

1.3. Alto volume nos monitores e nas caixas de PA

Este é outro problema causador de microfonia. Mesmo quando os monitores estão posicionados corretamente, se os volumes do PA e do monitor estiverem muito altos, o som alcançará o microfone causando problemas.

O que geralmente causa altos níveis de volume no palco são os cubos dos instrumentos, que funcionam bem acima da necessidade. Um passo importante para a diminuição deste nível de volume é a celebração de um acordo entre músicos e operadores de som para que a intensidade sonora dos cubos seja reduzida, permitindo a redução proporcional dos níveis do PA e do retorno.

Outra solução que tem se mostrado eficiente é adoção de um sistema de monitoração por fones de ouvido, que permite a redução dos níveis sonoros para um patamar bastante confortável.

 1.4. Ganho excessivo nos microfones

Muitos confundem ganho com volume. O controle de ganho regula o nível do sinal que entra no canal enquanto o potenciômetro do volume controla o sinal que está saindo do canal. Se o ganho for muito elevado, com certeza gerará distorções no sinal e causará um desequilíbrio no sinal causando microfonia.

Para que estes problemas não ocorram, é necessário que o ajuste do ganho de entrada do canal seja feito de forma adequada. Em geral, este ajuste é feito em conjunto com o botão PFL e com a barra de leds da seção Master. Com os controles de volume fechados (canal e master), pressiona-se a tecla Solo e injeta-se o sinal do microfone no canal. Observa-se o comportamento do sinal na barra de leds.Começa-se a abrir o controle de ganho e quando o sinal atingir 0 dB, o ajuste está completo. Este procedimento deve ser feito para todos os canais individualmente.

1.5. Equalização excessiva

Muitas pessoas imaginam que um som de qualidade é aquele que tem os agudos muito pronunciados. Para conseguir isto, diversos operadores incrementam as freqüências agudas do equalizador, provocando desequilíbrios na resposta do sinal e gerando realimentações destas frequências, causando microfonia.

Há uma máxima, cunhada pelo engenheiro de som americano Pat Brown, que diz “Em Áudio, menos é mais”. Pat Brown quer dizer com isto que qualidade não está relacionada com quantidade. Quando você precisar utilizar um equalizador, utilize-o com muita parcimônia evitando, sempre que possível, os ganhos e dando preferência às atenuações.

1.6. Procedimentos para evitar ou reduzir microfonia

Alguns procedimentos podem ser usados para evitar ou reduzir a microfonia:
  • Escolha com cuidado o tipo de microfone a ser utilizado. Dê preferência aos microfones dinâmicos e cardióides; 
  • Posicione corretamente os monitores baseando-se no padrão de captação do microfone; 
  • Evite posicionamentos nos quais o som oriundo dos monitores possa incidir sobre a parede de fundo do púlpito, ser refletido e voltar sobre os microfones; 
  • Não aponte o microfone para as caixas; 
  • Não envolva a cápsula do microfone com as mãos; 
  • Procure manter os microfones fora do campo de projeção das caixas de PA; 
  • Quanto mais microfones abertos houver, maior será a possibilidade de ocorrer microfonia. Sendo assim, use apenas a quantidade de microfones necessária, sem exageros; 
  • Trabalhe com níveis de pressão sonora (volume) adequados; 
  • Ajuste corretamente o nível de entrada do sinal na mesa; 
  • Seja parcimonioso na equalização. 

David Fernandes
Tecnólogo de Telecomunicações
Membro da Audio Engineering Society (AES)
david@audiocon.com.br

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Microfones: Amigos ou Inimigos?

Olá caros leitores!

Fiquei um tempo sem postar por problemas pessoais e de saúde.
Mas graças ao bondoso Deus tudo está se resolvendo.

Nos próximos posts iremos publicar sobre o uso do microfone. Cuidado no manuseio, escolha adequada, microfonação de corais, etc.

Artigos escritos por:
- David Fernandes - Tecnólogo de Telecomunicações e membro da Audio Engineering Society
- Shure
- Eng. Adriano Luiz Spada - Attack do Brasil
- David B. Distler - Consultor associado à Audio Engineering Society e à National Systems Contractors Association. Criação de projetos para sistemas de som, sonoriza eventos e tem ministrado cursos para centenas de operadores de som e músicos.

Vamos ao que interessa...

Microfones: Amigos ou Inimigos?

O microfone está para um sistema de sonorização assim como o ouvido está para o corpo humano. Ele é o responsável por captar a onda sonora e transformá-la em algo que os equipamentos eletrônicos (amplificadores, mesas, etc.) possam entender e usar. O microfone comporta-se exatamente como o ouvido humano, quando este capta as ondas sonoras e as transforma em sinais elétricos para que o cérebro as entenda e processe.


Figura 1 – Constituição do Ouvido Humano

Sendo assim, é apropriado que seja adotado todo o cuidado no manuseio do microfone uma vez que ele é parte sensível do sistema sonoro e, se bem empregado, pode tornar-se um aliado de quem o utiliza. De forma contrária, se o microfone é utilizado com descaso poderá tornar-se seu inimigo durante uma apresentação.

Composição dos microfones

Todo microfone, de uma forma geral, é composto por um diafragma e um elemento gerador.

O diafragma, assim como o tímpano do ouvido, é responsável por perceber o movimento das ondas sonoras. O elemento gerador, como os ossos que compõem o ouvido interno (martelo, estribo e bigorna) – que podem ser vistos na Figura 1 – é responsável por transformar a variação do diafragma em sinais elétricos proporcionais aos movimentos das ondas sonoras.

Na Figura 2 você poderá identificar as partes componentes de um microfone.


Figura 2 – Partes que compõem um microfone

Na figura anterior você pôde identificar o diafragma e os diversos componentes do elemento gerador: bobina móvel, imã permanente e saída de AF (áudio freqüência).

Uh... assustei você?! Não se preocupe, não vou incomodá-lo com conceitos de eletrônica. Não é esse o meu objetivo. Na verdade, meu propósito é fazer com que você tenha uma idéia de como os microfones são construídos e da fragilidade dos seus componentes, e que a partir daí, passe a cuidar bem deles para que se tornem seus bons amigos.

O que fazer para tornar o microfone um amigo?

Bem, depois de tanta enrolação, vamos ao que interessa: há uma série de cuidados na utilização do microfone que você pode adotar para torná-lo um amigo. Vejamos alguns desses cuidados. Vou chamá-los de “Os 7 Mandamentos do Amigo do Microfone”.

1º Mandamento: Não bata


É muito comum que você, ao segurar um microfone para utilizar, dê algumas “batidinhas” nele com o objetivo de verificar se ele está funcionando. Por favor, não faça isso. Lembra-se do diafragma e do elemento gerador? Com o tempo, de tanto apanhar, eles se danificarão podendo partir-se.

O microfone vítima dessas “batidinhas” passa, depois de certo período de surras constantes, a reagir apresentando um som “choco e rachado”. É a forma que ele encontra para se vingar dos maus tratos recebidos.

Como você consideraria alguém que, ao se aproximar de você, ao invés de cumprimentá-lo educadamente fosse logo espancando você? Amigo ou inimigo?!

2º Mandamento: Não assopre


Muitos de nós, também no desejo de verificar se o microfone está funcionando, temos o hábito de assoprar o microfone: fu... fu... som... som... Não é assim que fazemos?

Pois é, de agora em diante controle-se e não faça mais isso. Ao assoprar o microfone você despeja alguns mililitros de saliva sobre ele!!! Essa saliva vai gerar um mau cheiro no pobrezinho do microfone e ele não pode tomar banho para se limpar... isso é muito anti-higiênico!!!

Quando você quiser verificar se um microfone está funcionando, apenas fale...

3º Mandamento: Não grite


Por favor, não grite... o microfone não é surdo!!!

A finalidade de um sistema de sonorização é amplificar o som que você está produzindo. Sendo assim, não é recomendável que você atinja o microfone com volume de voz extremamente alto porque, dependendo de como foi construído (se for um capacitivo, por exemplo), o sinal será distorcido. Você terá sua voz reproduzida de forma “rachada”.

Isso sem levar em consideração o incômodo que será causado na audiência...

4º Mandamento: Não fale se movimentando


Alguns de nós temos o hábito de falar/cantar movendo-nos de um lado para o outro diante do microfone, quando este está fixo. Os microfones têm uma capacidade “auditiva” limitada. Eles não são capazes de “ouvir” se você estiver falando ou cantando muito afastado dele para as laterais. Você precisa falar e/ou cantar diretamente em frente a ele. Aí ele poderá perceber toda a beleza de sua voz.

5º Mandamento: Não tenha medo


Muitas pessoas têm medo de microfones e por isso afastam-se dele demasiadamente. À medida que você se afasta do microfone, ele passa a ter dificuldades de “ouvir” você. Sua voz ficará com excesso de agudos e sem peso (graves): a conhecidíssima “voz de taquara rachada”.

Para obter um bom desempenho, aproxime-se do microfone até cerca de 5 cm. Não se preocupe, ele não morde.

6º Mandamento: Não o engula


Não vá para o evento com fome esperando engolir alguns microfones: eles dão indigestão!!!

Na ânsia de fazer uma boa apresentação, falamos tão próximo ao microfone que quase o engolimos. A essa distância tão pequena certamente lançaremos sobre o pobre coitado aqueles mililitros de saliva, lembra-se? E também não podemos nos esquecer que estes perdigotos (as famosas gotículas de saliva) normalmente carregam germes, o que piora ainda mais a situação.

Essa prática prejudica também a qualidade do som: os microfones direcionais (usados por nós em 99% das aplicações) têm uma propriedade chamada “efeito proximidade”. Esse efeito encorpa os graves à medida que o microfone é aproximado da fonte sonora. Sendo assim, você terá o som da sua voz cheio de graves e provavelmente sem clareza, para não falar do maravilhoso efeito “puf”.

É só lembrar do item anterior: a distância adequada para uma boa captação é cerca de 5 cm afastado da boca e diretamente em frente ao microfone.

7º Mandamento: Não enrole


Quando seguramos o microfone na mão, temos o hábito de enrolar o cabo: pare com isso e não enrole, cante!!! Ou fale!!!

Ao enrolar o cabo do microfone, você provoca alteração em suas propriedades elétricas e, com o tempo, danifica as soldagens que o unem aos plugs. O que resulta disso são chiados e barulhos diversos.

Ao segurar um microfone, deixe o cabo completamente livre e solto.

Bom, agora que acabei de indicar a você algumas maneiras práticas de evitar problemas com os microfones e de aumentar sua vida útil, gostaria de dar algumas outras dicas. Lá vai:
  1. Aceite as orientações do técnico de som. Ele está ali para ajudá-lo a obter o melhor desempenho possível. Se você tiver alguma idéia, discuta-a com ele.
  2. Para evitar o problema de encher o microfone com saliva e minimizar o efeito “puf”, use espumas de proteção. Elas podem ser encontradas com facilidade no mercado.
  3. Você poderá obter sons mais graves ou mais agudos apenas afastando ou aproximando o microfone. É só lembrar do “efeito proximidade”, que pode e deve ser usado em seu favor.
  4. Não passe na frente das caixas acústicas com o microfone apontado para elas. Isso causará microfonia.
  5. Não envolva o globo do microfone (aquela parte redonda que protege a cápsula) com a mão. Isso altera o padrão de captação do microfone e pode causar microfonia.
  6. Visite seu dentista regularmente de seis em seis meses. Ops... acho que exagerei...


David Fernandes
Tecnólogo de Telecomunicações
Membro da Audio Engineering Society