quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Organização do Louvor




"Bom é render graças ao SENHOR e cantar louvores ao teu nome, ó Altíssimo." Sal.92:1



O louvor é uma das colunas de sustentação de qualquer igreja, não importanto a denominação.Sustentação no sentido de salvar vidas e as manter na igreja. O louvor é constituído por diversas pessoas, em diversos grupos que interagem entre si. São 3 os grupos envolvidos com o louvor da igreja:


a) Grupo de Instrumentistas*: responsáveis por tanger os instrumentos. São os músicos.
b) Coral: são os cantores. Usam suas vozes para louvar ao Senhor.


c) Equipe de Som: são os responsáveis por operar os equipamentos de som da igreja. Ajustam os volumes e equalizam os instrumentos e os microfones, para que o resultado final seja suficiente para todos ouvirem e agradável, harmonioso.
*Os nomes, obviamente, podem variar de denominação para denominação.



Esses 3 grupos devem trabalham em conjunto e harmonia. Um depende do outro. Não há som se não houver quem toque e cante. Da mesma forma, só música (sem ninguém cantando) pode ficar até belo, mas não transmite mensagem nenhuma. E cantar sem instrumentos pode até ficar bom, mas logo é cansativo e ninguém aguenta muito tempo assim (nem cantar nem ouvir).


Repare: os grupos são dependentes entre si. Não há grupo mais importante que o outro. O trabalho é em conjunto. Tanto é em conjunto que, quanto mais uma pessoa de um grupo conhece o trabalho do outro, melhor ficará o desempenho do louvor como um todo. E até é normal encontrarmos uma pessoa que faça parte simultaneamente de dois, ou até dos 3 grupos. Um instrumentista que também conhece canto é muito melhor que um que só conhece seu instrumento. Quem conhece canto sabe também o tom do hino em relação às vozes. Da mesma forma, um cantor que conheça de instrumento pode também sugerir arranjos, detalhes. Não vou dar muitos exemplos porque é fácil de se ver isso na prática.


Quanto ao operador de som, ele pode ser uma pessoa que entende apenas dos seus equipamentos. Conseguirá fazer um serviço bem razoável. Mas o operador não pode ficar somente nisso, ele precisa conhecer vozes e instrumentos. Um bom operador sabe que A canta lindo mas tem pouco volume de voz. Então receberá um microfone mais sensível, que proporcionará mais volume de som. De outro lado,B canta fortíssimo, então o volume do seu microfone será bem mais baixo que os outros. Também saberá que C está com o violão desafinado, e abaixará o volume deste. E que D ainda é um músico aprendiz, precisa estar com volume baixo, e por aí vai.


Na realidade, você será tanto melhor operador de áudio quanto mais de Música conhecer. Mais de instrumentos, mais de vozes. Nos meus bons tempos (anos atrás, quando ainda tinha um bom ouvido), conseguia ouvir 32 vozes e saber exatamente quem estava desafinando ou sobressaindo. Nos instrumentos, sei o nome de cada peça de uma bateria, mesmo sem nunca ter tocado. Isso só se aprende com treino, muito treino.

E onde treinamos? Nos ensaios. O operador de som precisa participar dos ensaios. Precisa conhecer as vozes (e seus donos), as facilidades e deficiências de cada um. Precisa conhecer os músicos, as características dos seus instrumentos e da forma particular de cada um tocar. Quanto mais ensaios, mais treinado seu ouvido ficará. E isso resultará em melhores resultados no louvor na igreja como um todo.


Nos ensaios também podemos fazer experimentos. Quem sabe aquela pessoa com a voz "estridente" não ficará com melhor com um outro tipo de microfone ou com outra regulagem? É a hora em que podemos fazer testes, experimentar. Deu microfonia? Não é problema. Nos ensaios, pode dar microfonia à vontade. É a hora de descobrirmos como evitá-las.


Muita gente acha que o papel do operador de som é de servir aos músicos e cantores. Está correto. Servir sim, mas sem ser subalterno. O operador pode e deve sugerir mudanças que deixem o seu trabalho melhor e mais fácil (e os resultados disso serão claramente audíveis). Em um grupo envolvido com o louvor, é papel do operador:

- conhecer cada microfone disponível e descobrir qual se adapta melhor à cada tipo de voz e/ou instrumento
- conhecer os diagramas polares dos microfones e adequar o posicionamento dos usuários (músicos e cantores) em relação às caixas acústicas
- ensinar aos usuários a melhor forma de utilizar os microfones. Muitos cantores seguram o microfone de maneira errada, e precisam ser corrigidos.
- cuidar do retorno / monitoria dos músicos (para eles, é importante ouvirem o que estão tocando eles próprios, como também ouvir o conjunto). É uma das tarefas mais difíceis, pois o assunto é complexo.
- sugerir, indicar e até mesmo aprovar a aquisição de novos equipamentos.
- manter os equipamentos, tanto quanto a quantidade (não deixar nada sumir) quanto na qualidade (manutenções periódicas, consertos, etc).
- além de, é claro, operar os equipamentos.





Tudo isso dá uma trabalheira danada, e mostra como o operador de som é importante para o sucesso do grupo inteiro. É um trabalho de equipe, sempre!

Autor: Fernando A.B. Pinheiro

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Os dez mandamentos dos microfones Sem Fio


“Tu vês muitas coisas, mas não as guardas; ainda que tenha os ouvidos abertos, nada ouve”. Isaías 42:20 



Eu tive a maravilhosa oportunidade de fazer o curso "Equipamentos e Aplicações" do IATEC (Instituto de Artes e Técnicas em Comunicação), uma das mais renomadas escolas de Áudio do país. Entre as inúmeras coisas que aprendi, gostaria de passar a todos "os 10 mandamentos dos microfones sem fio", escrito pelo eng. Sólon do Valle. Eu fiz algumas pequenas adaptações no texto para incluir algumas informações da aula, que foram ministradas pelo instrutor Fred Júnior, um peazeiro com vastíssima experiência em shows de muitos artistas e muito bom professor.


1. Não enrolarás nem cortarás a antena do seu transmissor!
Já viram aqueles transmissores de bolso (muito usados com microfones headsets, earsets ou lapelas)? Tem gente que corta o fio da antena, outros enrolam com todo cuidado, e ainda prendem com durex, tudo para que não apareça esse fiozinho saindo do bolso do usuário. É inacreditável que alguém em sã consciência faça isso, mas segundo o Fred, ele já viu isso muitas vezes, . A antena tem um tamanho específico por causa do comprimento de onda da frequência do microfone. Ao se alterar o tamanho, a transmissão é prejudicada e problemas de interferência podem surgir. O mesmo vale para as bases, principalmente nos modelos VHF, que precisam ter suas antenas totalmente esticadas, e não pela metade, como é comum.

2. Não segurarás teu sem fio de mão cobrindo a antena!
Microfones de mão sem fio costumam ter um corpo longo, e a pilha fica lá no final. Em geral, é no compartimento de pilhas que também fica a antena. Não se deve segurar o microfone por esse local, mas sim no meio do corpo. Quando colocamos a mão nesse lugar, é mais uma barreira que o sinal precisa atravessar. Esse tipo de transmissor deve ser seguro pelo meio do seu comprimento.
Alguns fabricantes até tentaram evitar esse tipo de problema fazendo transmissores de mão com a antena externa (fora do corpo do microfone - uma pequena ponta que se projeta além do microfone). Sabe o que conseguiram? Que os usuários segurassem o microfone mais para baixo ainda!

3. Usarás sempre pilhas novas, alcalinas, e terás sempre outras de reserva!
O estado das pilhas (ou baterias) influencia diretamente na qualidade da transmissão. Quando a bateria está próxima de acabar, o microfone ainda funciona, mas a transmissão cai ou fica variável (distorce). Não economize aqui - use pilhas de boa qualidade e procedência (existe muita falsificação no mercado).
Não é proibido usar pilhas recarregáveis, mas é necessário muito mais cuidado. O grande problema é que as pilhas recarregáveis viciam com o tempo, e perdem a sua capacidade de reter energia. Além disso, algumas pilhas recarregáveis, mesmo novas, fornecem menos energia que suas equivalentes não recarregáveis.

4. Não usarás teu sem fio junto a uma estrutura metálica nem junto a amplificadores!
Estruturas metálicas funcionam como antenas para sinais de radiofrequência (FM, VHF, UHF, etc). Os sinais são absorvidos por essas estruturas, assim como uma esponja absorve água. O metal funciona como um concorrente para o receptor, "roubando" uma parte do sinal de rádio e diminuindo a quantidade que chega na antena do receptor, compromentendo o desempenho do aparelho.
Além disso, não se deve deixar os receptores próximos a amplificadores de potência. As fontes dos amplicadores geram um forte campo magnético que podem produzir interferências diversas na transmissão.

5. Não usarás teu sem fio debaixo de chuva!
Explicação óbvia.

6. Tentarás manter sempre visada direta entre o transmissor e o receptor!
Visada direta quer dizer um caminho sem obstáculos, que permita o transmissor "visualizar" a base receptora diretamente. Isso é muito útil, pois obstáculos podem sempre interferir no sinal. Certa vez, comigo, um microfone sem fio funcionou perfeitamente, até o momento em que o dirigente pediu para a igreja ficar de pé. Quando 300 pessoas fizeram um obstáculo entre o sem fio na mão dele até a base receptora lá atrás, o microfone começou a chiar e dar problema. Às vezes a solução é apenas elevar a base receptora, de forma que ela esteja acima do público.

7. Não usarás dois transmissores na mesma frequência!
Com dois transmissores na mesma frequência, um interferirá no outro.

8. Jamais operarás teu sem fio junto a um transmissor potente de rádio!
Ainda que as frequências sejam diferentes, sistemas muito potentes (transmissores de rádio, TV) e até motores (ar-condicionado, geradores) podem gerar interferências no sinal. Mantenha distância deles.

9. Nunca deixarás teu sem fio cair!
Explicação óbvia.

10. Sempre colocarás a base receptora o mais próximo possível do transmissor!
Quanto maior a distância, mais o sinal perde potência. Uma pessoa que mora próximo a uma torre de transmissão de TV tem recepção muito melhor que outra que mora a 10Km de distância, mesmo que para ambas a visada seja direta. Assim, para garantir a melhor recepção possível, é melhor trabalhar com a base receptora o mais próximo possível do transmissor. Isso vale para qualquer modelo, até aqueles cujo manual indica que o aparelho tem 100 metros de alcance.

Autor:  Fernando A. B. Pinheiro

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Viva o Rei !

"Assim diz o Senhor: Reprime a tua voz de choro, e as lágrimas de teus olhos, porque há galardão para o teu trabalho, diz o Senhor." Jeremias 31:16



Se você leu o artigo "A fé vem pelo ouvir", já descobriu que sonorização é importante, muito importante mesmo. Então, deveria ser algo bem valorizado nas igrejas. Entretanto, em algumas a prática é bem diferente.

Infelizmente, pessoas até mesmo da própria liderança da igreja, que estão entre os maiores beneficiados por um bom sistema de sonorização, ainda não reconhecem esse valor. O quesito "sonorização" ainda é relegado a um segundo plano, sem muita importância, é encarado como mais um gasto, como um "ralo de dinheiro". Em geral, quanto menor a igreja, também menos importante é a sonorização (evidente que há exceções, igrejas que valorizam a parte de sonorização). Pode parecer difícil de acreditar, mas em muitas igrejas é mais fácil conseguir dinheiro para uma reforma qualquer (algo visível) ou para a compra de novos instrumentos musicais do que para um novo amplificador, um microfone, uma nova mesa de som.

Essa situação acontece tanto por desconhecimento da finalidade da sonorização (salvar vidas para Jesus), como também pelo alto custo dos equipamentos. Um bom equipamento custa muito, muito dinheiro e assusta as lideranças da igreja. Mas se for bem cuidado, esse mesmo equipamento durará pelo menos uma década. Terá alto custo de aquisição, mas se diluirmos pelo tempo, não será tanto assim.

Outra coisa que influencia é o "costume". Se sempre ouvimos música em um "radinho de pilha", nos acostumamos com esse som e achamos que esse mesmo som é bom!!! Muitas igrejas têm som de "taquara rachada" e aceitam isso como um fato normal. Conheci uma igreja assim. Quando uma nova liderança assumiu a igreja, achou o sistema de som horrível. Mas ao consultar os irmãos, a maioria achou que estava tudo bom, que deveria funcionar do jeito que estava. Sem conseguir a aprovação para o investimento, o próprio líder da igreja comprou novos equipamentos do próprio bolso. Só então perceberam a diferença entre um equipamento de qualidade e o que estavam usando (e devolveram ao líder o valor pago).

Situações absurdas acontecem por desleixo com a sonorização. Certa vez, fui a uma igreja e estranhei o fato do microfone de lapela do pregador ser branco, pois nunca vi um microfone de lapela dessa cor, apenas preto. A voz estava péssima, mal dava para entender alguma coisa. Após o culto, fui lá à frente, curioso para olhar o microfone, marca e modelo. Na verdade, o microfone era um LeSon ML-70, mas como havia quebrado a cápsula, alguém adaptou no lugar a cápsula de um desses microfones de computador (desses com haste grande, de plástico), que deve custar no máximo R$ 5,00. E esse "microfone" estava sendo usado já a muito, sem ninguém reclamar. Que Deus tenha misericórdia do ouvido desse povo.

Tem a história da igreja que precisava de um microfone sem fio, e a liderança da igreja deu R$ 150,00 reais para se comprar um. Só que não existe um microfone sem fio decente por esse preço. Resultado: até foi possível comprar um, mas a captação do mesmo é tão ruim que só funciona se a pessoa colar a boca no globo e falar bem alto. Praticamente foi dinheiro jogado fora. Mas na mesma igreja o teclado era um Kurzweil de R$ 2.500,00, novinho em folha.

Falar de sonorização e estética é algo muito, muito complicado. Se queremos coisas bonitas em nossa casa, porque também não ter um visual bonito na igreja? Não há problema algum em pintar uma caixa acústica de branco, de forma a "disfarçá-la" melhor na parede. Também procurar uma solução "meio termo", que fique bom para a decoração e bom para a sonorização. Mas sacrificar a sonorização para preservar a beleza da igreja...

Vivi essa situação em dois casamentos seguidos em uma mesma igreja. Um na sexta-feira, outro no sábado. Na sexta, levei tudo de bom, incluindo duas caixas de som realmente boas para ficar no lugar das caixas existentes, muito ruins. O casamento foi perfeito, tudo certo, alto e claro, deu para todo mundo dentro e até do lado de fora ouvir tudo perfeito. Só que a igreja era relativamente estreita, e as caixas de som que levei ficaram muito perto da decoração colocada, pois não havia outro lugar. No outro dia, pela manhã, o responsável da igreja me telefonou, pediu para eu retirar as caixas. "Qual o problema? O som ficou ruim?" - perguntei. "Não, foi ótimo, mas as irmãs reclamaram que as caixas tiraram toda a beleza da decoração. Então acho melhor tirá-las de lá." - respondeu o pastor. Por mais que eu falasse que as caixas que havia levado foram as responsáveis pela boa qualidade de som, por mais que eu argumentasse, prevaleceu à idéia de ver é mais importante que ouvir.

Pior ainda é a escolha dos operadores de som. Em absoluto as igrejas querem que alguns dos próprios membros operem os equipamentos. Não há problemas nisso. O problema é que som exige tempo, chegar cedo (o operador está sempre entre os primeiros a chegar), sair tarde (está sempre entre os últimos a sair), como também responsabilidade, dedicação, zelo, organização, estudo, atenção. E os adultos (em geral, aqueles com essas qualidades) nunca têm tempo. São todos ocupados com trabalho, com família. Sobra para quem a operação do sistema? Jovens, adolescentes. Já vi um caso de um garoto de 11 anos cuidar do som de uma igreja com 400 pessoas. Ainda por cima ele se sentava no pior lugar possível, na parede ao lado do púlpito, sem retorno de som algum. O garoto confessou-me estar ali só por exigência do pai, um dos responsáveis pela igreja. Que se pudesse largava aquilo na mesma hora, dava muito problema e todo mundo reclamava. Se som já é complicado por si só, imaginem quando feito com má-vontade! Raríssimas são as igrejas que investem em formação de operadores de áudio, pagando cursos, valorizando-os.

As "cobranças", quando acontece algum problema no som, são implacáveis. Deu microfonia? Brigueiros no pessoal do som. Ninguém conseguiu entender nada? "Culpa do pessoal do som". Mas será que a microfonia não foi causada por alguém que inadvertidamente apontou o microfone para a caixa acústica? Será que ninguém consegue entender nada por causa de uma acústica local ruim? Será que a culpa é realmente do pessoal do som?

"Bater" no pessoal do som é fácil. As lideranças da igreja fazem isso, músicos reclamam porque está tudo muito baixo, cantores reclamam porque suas vozes não estão "aparecendo" no meio do coral, senhoras idosas reclamam que está tudo alto, que não dá para entender. Certa vez uma professora de crianças brigou comigo porque a criança foi orar na igreja, com microfone, e ninguém entendeu o final da sua oração. Respondi que o microfone só capta se existir algum som. Que a criança começa falando alto no início e vai diminuindo, diminuindo até a voz praticamente sumir, e isso antes de terminar a oração! Ela até que concordou, mas era eu que tinha que dar um jeito naquilo!

Claro que existem situações em que a culpa é realmente do operador, seja por desatenção, por desleixo ou descuido, mas outras vezes não é mesmo! Mas independente de quem for à culpa, a reclamação acaba é nos nossos ouvidos.

Trabalhar no som é duro, difícil mesmo. O reconhecimento é zero, o trabalho é enorme. Quantas vezes carregamos caixas de som pesadíssimas enquanto vários outros rapazes próximos só olham? Raríssimas vezes alguém nos ofereceu ajuda, na maioria das vezes precisamos foi conseguir alguém "a laço". Quantas vezes somos os últimos a sair da igreja, mesmo tendo sido dos primeiros a chegar. O trabalho é invisível, só "aparece" quando dá problema.

Por causa disso tudo, não raro as pessoas desistem. Se olharmos as dificuldades todas, desistimos. Eu também cheguei próximo disso. Cansei, cansei mesmo, cansei das reclamações, da falta de apoio, cansei de fazer o meu melhor possível, sem ninguém valorizar isso. Busquei ao Senhor e pedi a ele uma Palavra para o meu coração, que estava doído, machucado mesmo. E o texto que tive na Bíblia foi o seguinte: Jeremias 31:16: "Assim diz o Senhor: Reprime a tua voz de choro, e as lágrimas de teus olhos, porque há galardão para o teu trabalho, diz o Senhor." Entendi o recado.


Se houvesse um personagem bíblico para os operadores de som, eles seriam os "Valentes do Rei Davi". Davi teve centenas de milhares de soldados, mas apenas 37 tiveram seus nomes registrados na Bíblia. Eles tinham feito coisas grandiosas, fora do comum, para que o reinado de Davi prevalecesse. Arriscaram suas vidas, deram seu sangue pelo seu Rei. Trabalhar no som exige também muita dedicação, e muitas vezes vamos ter que fazer sacrifícios para que tudo saia correto. Não devemos esperar reconhecimento de ninguém, mas devemos ter certeza que o Rei dos Reis reconhece o nosso esforço.

Quando Davi foi passar o seu reinado para Salomão, ele chamou a Zadoque, o sacerdote, a Natã o profeta e a Benaia, o maior dos seus valentes. A missão deles: levar Salomão montado em cima da mula do rei por todo o Israel e apregoar um grito: Viva o Rei! Hoje nós no som fazemos o mesmo. Com a graça de Deus e junto com o Espírito Santo, através do nosso trabalho vamos apregoando Viva o Rei Jesus.

Nós que trabalhamos com sonorização em igrejas também temos que dar esse brado: Viva o Rei! VIVA O REI... quando for necessário carregar e montar o som sozinho... VIVA O REI, quando o pastor ligou o microfone sem fio na posição mute e todo mundo olha para o som... VIVA O REI... quando a gente tem que tirar dinheiro do próprio bolso para comprar pilhas e baterias, cabos, conectores... VIVA O REI... quando todo mundo já foi embora, ou esta lá lanchando... foi para a festa do casamento.... e nós estamos desmontando o som.... VIVA O REI JESUS!

Autor: Fernando A.B. Pinheiro

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Música e Organização

"As Escrituras afirmam que, para haver edificação, é necessário haver organização (1 Coríntios 14.26-40)".


Dentro da Igreja nós temos diversos dons. Cada dom deve ser exercido para que a Igreja seja edificada. Se estes dons não forem exercidos com ordem, estes dons não irão edificar.


A ordem no texto consiste em tomar algumas medidas no planejamento do culto: deve haver um número reduzido de participantes. Nenhum participante pode exercer o seu dom ao mesmo tempo que o outro. Deve ser obedecida também uma hierarquia dentro da Igreja. As mulheres não devem usurpar a autoridade que foi delegada ao homem na Igreja nem usurpar esta autoridade no lar. Este princípio de obediência a autoridade se aplica da ovelha ao pastor, do membro ao dirigente do culto, da esposa ao marido, dos filhos aos pais, cada relação de autoridade a sua maneira, devendo se dinamizar de acordo com os padrões bíblicos. A maior de todas as submissões dentro da Igreja deve ser às Escrituras, àquilo que Deus revelou aos apóstolos e profetas, que devemos seguir, já que a Palavra se originou em Deus e não em nós.


Nós vivemos na cultura do jeitinho e do improviso e queremos transferir este improviso ao culto. Não queremos atender a horário, a planejamento, a autoridade; queremos que tudo seja feito sem muita regra, para que a possamos quebrar estas regras.


Se nós culturalmente somos assim, a Palavra de Deus deixa claro que Deus não é assim. Deus é Deus de ordem e paz. Deus criou todas as coisas com ordem de tempo, de lugar, de autoridade e de espaço. Nós devemos conformar o nosso culto ao caráter de Deus e não conformar o culto ao nosso caráter.


Como tem sido organizada a música de nossa Igreja? Será que temos pessoas responsáveis dotadas por Deus para liderar o louvor? Será que estamos dispostos a obedecer àquelas autoridades do louvor constituídas por nossas e Igrejas e assim, por Deus? Escolhemos as músicas dos nossos cultos com antecedência? Cumprimos aquela ordem estabelecida? Ficamos sempre a repetir as mesmas músicas ou escolhemos músicas que ninguém conhece?


A música deve edificar a Igreja. A música só irá edificar a Igreja se cumprir os requisitos do amor fraternal, da clareza na comunicação, do equilíbrio interior, do evangelismo aos perdidos e da ordem na programação.


Penso que a maior carência que temos nas Igrejas evangélicas hoje é de uma música edificante, uma música que nos leve a um amadurecimento espiritual, uma música que tenha rico conteúdo da Palavra de Deus, colocado de modo belo, objetivo e acessível a nossa cultura. A preocupação da maioria dos compositores evangélicos não tem sido produzir uma música de qualidade, mas uma música que faça sucesso, que dê retorno financeiro e que faça surgir mais uma celebridade gospel no meio de uma clientela específica.


A música dos nossos cultos não deve se moldar a padrões tão mundanos. A música dos nossos cultos deve trazer edificação para nossas vidas e não diversão para o povo. A música dos nossos cultos deve explicar com clareza o que a Palavra de Deus nos diz e não somente ter dois versos que podem ser aprendidos rapidamente para rapidamente serem descartados pelo próximo sucesso das rádios evangélicas.


Fico muito triste com irmãos que chegam para mim perguntando se eu conheço este ou aquele grupo novo de música evangélica. A idéia por trás desta pergunta é: “vamos usar esta música, pastor; todos a estão cantando; ela é muito bonita; por que precisamos ser tão fechados na música que usamos em nossos cultos?”. Pego o CD, procuro avaliar a letra e a música. Noto muitas vezes que aquele grupo tem uma teologia fraca, tem forte associação com falsos profetas e que tem um estilo de culto sem ordem e sem decência que é bem demonstrado em seus DVDs.


Fico me perguntando: “O que está acontecendo com a consciência evangélica? O que aconteceu com os autores de cânticos que produziam tanta música edificante no passado?”. Penso que o que está acontecendo é um vertiginoso processo de secularização que gerará Igrejas mortas como a Igreja Romana em seu namoro com o mundo. O principal meio de secularização da Igreja Evangélica brasileira é a música.


Nós não precisamos nos dobrar a isso. Não precisamos pegar este trem da História. Podemos ser aqueles que marcarão um rastro de sangue de fiéis, que pagarão o preço por uma adoração autêntica, e que continuarão em adoração verdadeira no Tabernáculo Celestial.

Autor: Carlos Renato de Lima Brito

terça-feira, 6 de outubro de 2009

De Sorte que a Fé vem pelo Ouvir

"De sorte que a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela Palavra de Deus." Rom 10:17
Quando observamos esse versículo, a primeira pergunta a se fazer é: "O que quer dizer a expressão "a fé é?". No contexto em que a expressão foi apresentada, o apóstolo Paulo estava falando da pregação da Palavra. E prega-se a Palavra para aqueles que ainda não aceitaram Jesus. Logo, o sentido da expressão é que aqueles que não tem fé vão passar a ter fé. Vão aceitar Jesus como seu único Redentor, vão alcançar salvação.
Nós temos 5 sentidos: audição, visão, olfato, paladar e tato. É através dos sentidos que temos contato com o mundo. Por exemplo, uma pessoa cega, com deficiência no sentido da visão, tem uma percepção de mundo muito menor que uma pessoa que enxerga. Na igreja é a mesma coisa. O trabalho da igreja é fazer com que as pessoas tenham contato com Jesus, que as pessoas "percebam" que Jesus está vivo e pode ajudar a todos. E a Bíblia dá a receita de como fazer isso: pelo sentido da audição, por ouvir a pregação da Palavra (seja em um hino, seja pela pregação propriamente dita).
Mas existem denominações que "esquecem" desse versículo. Há igrejas que acham que a fé em Deus vem pelo sentido da visão. Então constroem igrejas suntuosas, enormes, altíssimas, todas em mármore e granito, bancos forrados com couro ou veludo, altares de ouro. Luzes, efeitos especiais, telões. Não discordo que o sentido da visão é importante, mas não é ele que vai fazer as pessoas terem fé. Não é isso o que diz a Bíblia.
Tem denominações que acham que a fé vem pelo paladar. Fazem então a "Campanha da Cesta Básica", distribuindo comida para as pessoas carentes. Pregam o pão da padaria, a água da concessionária. Água e comida na mesa são essenciais para a sobrevivência do corpo, mas não é isso que a alma quer. Não vem fé pelo paladar.
Outras igrejas acreditam que a fé vem pelo tato, pelo que sentimos com as mãos. Que melhor exemplo do que sentimos com as mãos do que o dinheiro? E igrejas pregam que o dinheiro vai levar a pessoa a Deus. E tome sacolinha, envelope, pedido de contribuições. Quem pode dar 100,00? Quem pode dar 500,00? "Olha gente, quem puder dar 1.000,00 tá com lugar garantido no céu!" Ou então fazem o contrário: pregam que Jesus vai dar bom emprego, carro, casa própria (a chamada "Teologia da Prosperidade"). "Nem se preocupe em estudar, em trabalhar muito. Se entregue a Deus que você vai ganhar riquezas" dizem. Só que esse tesouro é aqui na Terra, enquanto a Bíblia ensina a ajuntar tesouros nos Céus. Dinheiro é bom e necessário, mas não é por isso que alguém vai ter fé ou não.
Ainda não conheço igrejas que investem no sentido do olfato. Ainda...
O caminho para as pessoas terem fé é um só: pela audição. É pelo ouvir da Palavra de Deus que as pessoas vão crer, acreditar que Jesus pode transformar as suas vidas. É pelo ouvir de uma Palavra Revelada, viva, cheia do Espírito Santo de Deus, que o homem vai se arrepender dos seus pecados e aceitar a Jesus como seu único Salvador. Pode ser o templo mais suntuoso do planeta, pode oferecer o banquete que for, pode prometer rios de dinheiro. Se não houver uma mensagem que atinja o profundo da alma, a necessidade do homem, então não vai haver fé, não vai haver verdadeira salvação.
O melhor exemplo para isso foram os primeiros cristãos de Roma, nos primeiros séculos depois de Cristo. Houve um momento em que o cristianismo foi proibido. Quem era descoberto cultuando a Deus era jogado nas arenas dos leões. Então os cristãos se reuniam nas catacumbas, onde os mortos eram colocados (não eram enterrados, ficavam em nichos esculpidos nas pedras). Nesses locais, não havia nada para se ver (gente morta), nada para se comer ou cheirar (já imaginaram o cheiro de um corpo em decomposição), muito menos o que se tocar. Mas havia uma Palavra poderosa para as pessoas ouvirem! E mesmo perseguido, o cristianismo cresceu tanto que virou a religião oficial do Império Romano.
A mensagem é muito importante, pois é ela que alcançará os corações. Mas vamos falar agora de outra coisa. Do meio de transmissão dessa mensagem, a forma dela conseguir alcançar as pessoas. Vamos falar das pregações da Palavra de Deus que acontecem nos templos, nas igrejas. É certo que existem templos pequenos, para algumas dezenas de pessoas, como também grandes templos, para milhares de pessoas. Para algumas dezenas, um pregador com voz potente com certeza não precisará de ajuda para se fazer ouvir. Mas quando crescemos para centenas e milhares de pessoas, a voz humana não mais conseguirá se fazer ouvir, e será necessário um reforço através de equipamentos. É desse reforço - os equipamentos e sua operação - que queremos falar.
Aqui cabe um aparte - falamos em "pregador de voz potente". E todo pregador tem voz potente? Não! Há pessoas cheias do Espírito Santo, mas cujo falar não alcança nem uma dúzia de pessoas próximas. Se não houvesse os recursos tecnológicos - microfones, amplificadores, etc - com certeza essas pessoas nunca seriam pregadoras. Escolheríamos os pregadores pela potência de voz, e não pelo seu testemunho, pelo seu coração. Não é assim que Deus escolhe as pessoas. Saul foi escolhido porque era belo e o mais alto de todos (I Samuel 9:2). Mas a Obra de Saul não prosperou. Mas Daví foi escolhido por ser cheio do Espírito Santo, e a Obra de Davi prosperou.
Trabalhar com sonorização nas igrejas é algo maravilhoso. O operador de som não precisa abrir sua boca em nenhum momento, mas através do seu trabalho a mensagem é levada para todos os presentes. Concretiza-se o que está expresso no verso - a fé vem pelo ouvir - e as pessoas alcançam salvação. O trabalho do servo no som é salvar vidas para Jesus. Da mesma forma que o pregador precisa se preocupar com a mensagem a ser transmitida, o operador de som vai se preocupar com que essa mensagem chegue de maneira bastante inteligível (de fácil entendimento) a todos os presentes. Evidentemente, quanto maior a igreja (e o público) maior a responsabilidade do quesito sonorização.
É muito difícil conseguir que as pessoas que não conhecem ao Senhor venham às igrejas. Algumas pessoas só vão após insistentes convites. São muitas as dificuldades materiais e espirituais que se levantam contra isso. Mas nada pode ser pior que conseguir levar um visitante na igreja e depois do culto a pessoa comentar que não conseguiu ouvir, não conseguiu entender parte (ou mesmo tudo) do que foi falado. É absolutamente normal um visitante, ao entrar em um lugar desconhecido, se sentar em geral lá atrás, no fundo, onde também em geral a sonorização é mais deficiente, seja pelos problemas acústicos do lugar ou por deficiência nos equipamentos. E todos os esforços materiais (convites, telefonemas, ir buscar de carro, etc) e espirituais (oração, jejum, etc) empregados para conseguir levar essa pessoa à igreja foram perdidos por causa de uma falha de sonorização.
Precisamos entender que o serviço de operação de sistemas de sonorização não é meramente aumentar volume e apertar botões. O trabalho é salvar vidas para Jesus! E salvar vidas é um trabalho de muita responsabilidade, que não pode ser feito de qualquer jeito. Pode e deve ser feito da melhor maneira possível, com todos os recursos que pudermos dispor, com todo o cuidado.
Já vi dezenas de cultos que foram "arrasados" por causa de uma sonorização deficiente. Cultos em que ninguém entendeu o que foi pregado, cultos em que o Senhor se manifestou através de dons espirituais, mas ninguém conseguiu ouvir nada, cultos em que houve tantas microfonias irritantes (toda microfonia é irritante) que as pessoas não conseguiram prestar atenção em mais nada. Isso não pode acontecer, pois isso acaba com todos os esforços de evangelização. Você, operador de som em igrejas, já imaginou ser cobrado por Deus por causa de vidas que o Senhor queria alcançar mas que não pôde por causa do som, por sua causa?
Um pregador precisa estudar a Bíblia, conhecê-la bem. Um músico precisa também conhecer bem seu instrumento musical. Um cantor precisa conhecer muito bem as nuances da música que vai cantar. E o operador de som? Será que dá para ser apenas um aumentador de volume e apertador de botões? Será que uma leitura do manual do equipamento será suficiente? Tanto quanto os pregadores, os músicos e os cantores - talvez até mais que eles - o técnico de áudio precisa conhecer muito bem o que está fazendo, precisa estudar, precisa se aprimorar a cada dia, buscando novas soluções, buscando melhorar sempre.
A responsabilidade do técnico de som na igreja é muito grande. O resultado do seu trabalho não é só audível, mas também visível. Uma boa pregação aliada a uma boa sonorização faz o rebanho do Senhor crescer a cada dia. Mas igrejas que sofrem com sonorização deficiente acabam perdendo almas.
Autor: Fernando A.B. Pinheiro