Por
David Distler
Uma ligeira observação em qualquer loja de componentes eletrônicos  constatará que existe grande diversidade de conectores bem como vários  fabricantes de cada tipo. Afinal, para que tantos modelos e variações se  a função do conector é simplesmente servir de finalização para as vias  de um cabo, conduzindo o sinal trazido por ele ao próximo aparelho ou  componente do sistema? Ao longo dos anos vários conectores foram ou  adaptados de outros campos (como a telefonia) ou desenvolvidos  especificamente para aplicações no áudio. Foram ficando os que eram mais  adequados em resistência mecânica, facilidade de uso ou outras  características técnicas.
Como o propósito fundamental na escolha de um conector é prover um  meio de ligação a determinado equipamento, o interessante, quando  consideramos um sistema, é que aproveitemos as características de cada  conector evitando sempre que possível a utilização de um mesmo tipo de  conector para funções diferentes para que, num momento de pressa ou  distração, um aparelho não seja danificado pela conexão de um sinal  impróprio porque aceitava um plug com sinal adequado para outra função!  Ao longo da minha vivência em sonorização, em dois momentos  inesquecíveis, pessoas que me auxiliavam chegaram a ligar a saída dos  amplificadores nas entradas da mesa de som porque ambos aceitavam um  plug P10 mono!
Comecemos pelos sinais mais fracos - os de microfones. Conforme vimos  no último artigo o ideal é que se empregue microfones e equipamentos  balanceados. Portanto os microfones de padrão profissional terão três  pinos em suas saídas destinados a receberem uma fêmea XLR linha

ou Canon - caso em que o fabricante acabou se tornando nome genérico  para o plug como aconteceu com o termo Gillette). Na outra ponta do cabo  deverá haver, portanto, um conector XLR macho

conectando o cabo ou à medusa (caixa de múltiplos conectores de um  multicabo onde as entradas de sinal são recebidas por fêmeas XLR  painel).

(e os retornos de sinal por machos XLR painel) ou diretamente às entradas de microfones de sua mesa de som ou mixer.

Obs.1: Algumas mesas de som, de projeto inferior, utilizam entradas  de microfone com conectores fêmea P10 ou jacks às vezes mono (muito  ruim), às vezes estéreo (um pouco melhor por conduzir o sinal  balanceado, porém sem dispositivo de trava).

Obs.2: Utilizo o termo estéreo em referência ao conector P10 tão  somente para diferenciar este, composto de três contatos, ponta, anel e  terra (no Inglês TRS de Tip, Ring, Sleeve),

do plug mono (dois contatos Tip e Sleeve).

Neste contexto não estamos tratando da técnica de reprodução de sons  por estereofonia, utilizando dois canais com sinais diferentes, apenas o  plug P10 de três contatos recebe este nome por ser empregado em fones  de ouvido estéreo.
 No nível acima dos sinais de microfones, estão os de nível linha no  qual os sinais trafegam entre aparelhos e aparelhos ou instrumentos.  Tipicamente veremos dois tipos de conectores empregados novamente o XLR  ou o P10. O XLR é o preferido porém vários fabricantes de equipamento  profissional oferecem jacks (fêmeas P10) para receberem tanto o plug  estéreo, no caso de sinais balanceados, quanto o mono no caso de sinais  não balanceados. Até há pouco tempo o XLR oferecia a vantagem de ser o  único com trava porém, atualmente, uma empresa suíça oferece jacks P10  com trava.

Assim como um criativo jack Combo que aceita todos os três tipos de plug macho descritos até aqui

Existe ainda o plug RCA

cuja fêmea RCA

é encontrada na saída de tape decks, aparelhos de CD (do tipo não  portátil) e os, já quase obsoletos, toca-discos de vinil. Por oferecer  apenas dois contatos este plug não conduz sinais balanceados e  geralmente indica que o equipamento que o utiliza não é destinado ao uso  profissional. Obs.3: Alguns fabricantes de equipamento de alta  qualidade, e plenamente profissional, ainda oferecem entradas e saídas  RCA em seus painéis para facilitar a conexão a gravadores CDs, MDs etc.  to tipo prosumer (termo do Inglês que mescla profissional com consumer  indicando equipamento originalmente destinado ao mercado doméstico -  consumer - porém de qualidade compatível com equipamentos  profissionais). Este nível prosumer ganhou seu espaço por alguns  fabricantes aumentarem absurdamente o preço dos seus modelos com saídas  balanceadas - as vezes colocando estas em modelos de decks ou toca CDs  com características técnicas inferiores aos seus modelos da linha  prosumer!
O último nível é o amplificado, conectando os cabos dos  amplificadores às caixas de som. Embora existam no mercado nacional  muitos modelos que ainda empreguem o plug P10 para a entrada das caixas e  alguns até o XLR. A tendência internacional (para equipamento de porte  para sonorização de igrejas) tem sido o emprego do plug Speakon que  possibilita conectar até 4 polos (caixas biamplificadas) com um plug  praticamente indestrutível

(Exceção foi o caso de um cantor que caiu do palco em cima de um  Speakon conectado a uma caixa de sub-graves. Quebrou...). Na saída dos  amplificadores e entradas de algumas caixas, além do Speakon macho  painel

é comum encontrarmos duas fêmeas banana às quais se pode conectar um cabo ou direto (com o próprio fio preso na fêmea),

ou por meio do plug banana duplo ou MDP que é muito fácil de se  conectar, porém é desaconselhável em locais onde há muita movimentação  pois não tem trava e pode ser desconectado com um mero puxão do cabo.

Obs.4: Infelizmente é muito comum encontrarmos vendedores que chamam o  plug P10 de "banana". Deve-se evitar este uso para não fazer confusão  ao ler manuais de equipamentos importados onde são especificados os  verdadeiros conectores banana (vide ilustração).
Incluo abaixo a tabela que mostra os modelos de conectores e suas aplicações.
Obs.5: Temos falado com certa insistência na importância de  equipamentos serem balanceados por evitarem interferências e proverem um  nível ótimo de sinal (a inclusão de um componente não balanceado num  sistema impedirá que este atinja a faixa dinâmica alvo de 96dB) Estas  recomendações são imprescindíveis para a qualidade em sistemas de  sonorização ao vivo. Existe um grande número de aparelhos (aumentado  pelos programas de áudio baseados em computadores) que não possuem  saídas balanceadas. Muitos destes acabam sendo empregados em estúdios de  “garagem” onde funcionam sem maiores problemas por estarem a pouca  distância das mesas de som e gravadores, minimizando assim o potencial  de perdas e interferências. Isto não altera o fato, porém, de que as  melhores placas de áudio (processamento em 24 bits) tem saídas  balanceadas e que qualquer estúdio que opera com nível balanceado ao  longo de todo o caminho do sinal terá isenção de interferências além dos  benefícios sonoros conferidos por uma faixa dinâmica maior.


David B. Distler
A Fé vem pelo ouvir da Palavra
A Fé vem pelo ouvir da Palavra
David B. Distler - Com mais de 20 anos de experiência, David, é  consultor associado à Audio Engineering Society e à National Systems  Contractors Association. David projeta sistemas de som, sonoriza eventos  e tem ministrado cursos para centenas de operadores de som e músicos.
Contatos: e-mail: dd@proclaim.com.br | website: www.proclaim.com.br | Fonte: http://www.proclaim.com.br/Artigo5.html
 
 
