segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

O som no contexto cristão - Aos oficias do som em 2010

“Mas, se alguém tem falta de sabedoria, peça a Deus, e Ele a dará porque é generoso e dá com bondade a todos”.



Caro amigo eleito operador de áudio para o ano de 2010,
Que você possa dedicar seu talento por completo ao nosso Deus. Lembre-se: "Deus não escolhe os capacitados, mais capacita os escolhidos". Faça deste cargo a sua ferramenta de pregação do evangelho. Faça com que as pessoas que o escutarem (não somente pelas suas palavras propriamente ditas, mais pela sua dedicação ao cargo) compreendam as palavras que Deus irá colocar na boca dos pregadores. Que através do seu dom, elas possam ter fé em Deus, fé nas promessas da escritura sagrada, fé de que Ele virá muito em breve.
Por que sabemos que: "De sorte que a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus." Romanos 10:17



Imagine, uma pessoa se coloca à frente de um grupo de várias centenas de pessoas. O ambiente é bonito, moderno, sua estética não é quebrada por quaisquer objetos volumosos se projetando das paredes ou teto. O preletor começa o seu discurso e naquele instante, sem nenhum atraso, todos ouvem nitidamente as suas palavras em volume e tom agradáveis. E mesmo que o programa se entenda por três, quatro, ou até seis horas, os ouvintes não sofrerão fadiga auditiva.

Leve a sua imaginação um pouco mais longe – para uns dois mil anos atrás. Num lago da Galiléia, perante um grupo muito maior, Jesus, o filho do Arquiteto deste universo, entrou num barco, afastou-o da margem e passou a transmitir preceitos de vida e justiça àquela multidão sedenta pela verdade.

Desligue agora a imaginação. Agilize a sua memória e volte à última reunião em que a sua igreja esteve lotada. Quem sabe não teria sido um culto especial de louvor com uma banda completa e vários vocalistas. A mensagem foi ouvida, como imaginamos há pouco? Caso sim, ótimo! O operador de som logrou dominar as variáveis da eletrônica, física, música e arquitetura que compõem (ou comprometem) a transmissão de som. E a mensagem vital da palavra de Deus – a única que tem garantia de produzir frutos de vida, chegou claramente aos ouvidos dos presentes auxiliando no cumprimento do princípio Bíblico de que “Portanto, a fé vem por ouvir a mensagem, e a mensagem vem por meio da pregação a respeito de Cristo” Romanos 10:17.

Trabalhar com sonorização nas igrejas é algo maravilhoso. O operador de som não precisa abrir sua boca em nenhum momento, mas através do seu trabalho a mensagem é levada para todos os presentes. Concretiza-se o que está expresso no verso “...a FÉ vem pelo ouvir...” e as pessoas alcançam salvação. O trabalho do servo no som é salvar vidas para Jesus. Da mesma forma que o pregador precisa se preocupar com a mensagem a ser transmitida, o operador de som vai se preocupar com que essa mensagem chegue de fácil entendimento a todos os presentes. Evidentemente, quanto maior a igreja, maior a responsabilidade do quesito sonorização.

Agora, pode ser também, que, ao invés do preletor ter desfrutado da atenção dos presentes, este foi desviada por interrupções do som, estridentes microfonias ou uma mensagem cantada que ficou inaudivelmente afogada nos sons produzidos pelos instrumentistas.

É muito difícil conseguir que as pessoas que não conhecem o Senhor venham às igrejas. Algumas pessoas só vão após insistentes convites. São muitas as dificuldades materiais e espirituais que se levantam contra isso. Mas nada pode ser pior que conseguir levar um visitante na igreja e depois do culto a pessoa comentar que não conseguiu ouvir, não conseguiu entender parte (ou mesmo tudo) do que foi falado. É absolutamente normal um visitante, ao entrar em um lugar desconhecido, se sentar em geral lá atrás, no fundo, onde também em geral a sonorização é mais deficiente, seja pelos problemas acústicos do lugar ou por deficiência nos equipamentos. E todos os esforços materiais (convites, telefonemas, ir buscar de carro, etc.) e espirituais (orações, jejum, etc.) empregados para conseguir levar essa pessoa à igreja foram perdidos por causa de uma falha de sonorização.

O que acontece? A mensagem é a mesma. As multidões sedentas existem. Mas porque os ouvintes saem com a impressão de que ao invés de uma mensagem divina, foram bombardeados por “ruídos orquestrados pelo maligno, emitidos pelas enormes caixas de som (ou nem tão enormes assim) que só servem para estragar a estética do santuário” – pois a mensagem não é ouvida ou então, é estridente demais e quem mais domina a atenção de todos não é o pastor, mas sim o “incompetente” operador do som!

Sim, o “Técnico de Som” – aquele irmão que sente um chamado ao ministério de auxiliar na transmissão da fé – que vem pelo OUVIR. Aquele que geralmente é o primeiro a chegar para o culto e o último a sair, fechando a igreja cansado, frustrado e mau compreendido, tendo visto o dia do Senhor, o Sétimo dia, o dia de descanso, se tornar numa antecipação das dores de cabeça da semana de trabalho.

Precisamos entender que o serviço de operação de sistemas de sonorização não é meramente aumentar o volume e apertar botões. O trabalho é salvar vidas para Jesus! E salvar vidas é um trabalho de muita responsabilidade, que não pode ser feito de qualquer jeito. Pode e deve ser feito da melhor maneira possível, com todos os recursos que pudermos dispor, com todo o cuidado.

Falar de sonorização e estética é algo muito, muito complicado. Se queremos coisas bonitas em nossa casa, porque também não ter um visual bonito na igreja? Também procurar uma solução “meio termo”, que fique bom para a decoração e bom para a sonorização. Mas sacrificar a sonorização para preservar a beleza da igreja...

Infelizmente, pessoas até mesmo da própria liderança da igreja, que estão entre os maiores beneficiados por um bom sistema de sonorização, ainda não reconhecem esse valor. O quesito “sonorização” ainda é relegado a um segundo plano, sem muita importância, é encarado como mais um gasto, como um “ralo de dinheiro”. Evidente que há exceções, igrejas que valorizam a parte de sonorização.

Cuidar do som exige tempo, chegar cedo, sair tarde, como também responsabilidade, dedicação, zelo, organização, estudo, atenção, precisa estudar, precisa se aprimorar a cada dia, buscando novas soluções e melhorar sempre. E aqueles com essas qualidades, nunca tem tempo. São todos ocupados com trabalho, com família. Sobra pra quem a operação do sistema? Jovens, adolescentes. Já vi ouvi de um caso onde um garoto de 11 anos cuidava do som de uma igreja de 400 membros. Ele sentava no pior lugar, ao lado da parede do púlpito, sem retorno algum. O garoto confessou que só estava ali por que seu pai o colocou, que se pudesse largava aquilo na mesma hora, dava muito problema e todo mundo reclamava. Se som já é complicado por si só, imaginem quando feito com má vontade. A responsabilidade do técnico de som na igreja é muito grande. O resultado do seu trabalho não é só audível, mas também visível. Igrejas que sofrem com sonorização deficiente acabam perdendo almas.

As cobranças quando acontece algum problema no som, são implacáveis. Deu microfonia? Ninguém conseguiu entender nada? “Culpa do pessoal do som”. “Bater” no pessoal do som é fácil. As lideranças da igreja fazem isso, músicos reclamam porque está muito baixo, cantores reclamam porque suas vozes não estão aparecendo no meio do coral, senhoras idosas reclamam que está tudo alto, que não dá para entender.

Claro que existem situações em que a culpa é realmente do operador, seja por desatenção, por desleixo ou descuido. Mas independente de quem for à culpa, a reclamação acaba é nos nossos ouvidos. Trabalhar no som é duro, difícil mesmo. O reconhecimento é zero, o trabalho é enorme.

Por causa disso tudo, não é raro as pessoas desistirem. Se olharmos as dificuldades todas, desistimos. Busquei ao Senhor e pedi a Ele uma palavra para o meu coração, e o texto que tive na Bíblia foi o seguinte: “Assim diz o Senhor: Reprime a tua voz de choro, e as lágrimas de teus olhos, porque há galardão para o teu trabalho, diz o Senhor...” Jeremias 31:16.

O som no contexto cristão é como uma espada de dois gumes, uma ferramenta poderosa que pode contribuir tanto para à difusão quanto à distração da mensagem do Evangelho. Se temos a melhor e mais vital das mensagens, vamos nos empenhar por transmiti-la de modo condigno com sua importância” a tecnologia está ao nosso lado. Que não falte da nossa parte preparo, estudo e ensaio para que uma má transmissão (técnica) desta mensagem não a confira uma aparência inconseqüente ou coisa feita como mero passatempo!

Davi teve centenas de milhares de soldados, mas apenas 37 tiveram seus nomes registrados na Bíblia. Eles tinham feito coisas grandiosas para que o reinado de Davi prevalecesse. Deram seu sangue pelo seu Rei. Trabalhar no som exige também muita dedicação. Não devemos esperar reconhecimento de ninguém, mas devemos ter certeza que o Rei dos Reis reconhece o nosso esforço.

Se algum de vocês tem falta de sabedoria peça a Deus, que a todos dá livremente de boa vontade. Se alguém serve, faça-o com as forças que Deus provê, de forma que em todas as coisas Deus seja glorificado. Tudo o que fizerem, seja em palavra ou em ação, façam-no em nome do Senhor Jesus, de todo o vosso coração, como para o Senhor, e não para os homens.

VIVA O REI, quando o pastor ligou o microfone sem fio na posição mute e todo mundo olha para o som, VIVA O REI quando a gente tem que tirar dinheiro do próprio bolso para comprar pilhas, baterias, cabos, conectores, etc.

Com a graça de Deus e junto com o Espírito Santo, através do nosso trabalho vamos apregoando Viva o Rei Jesus!
 
 
Textos para a formulação deste artigo extraído do site Som ao Vivo (www.somaovivo.mus.br), com textos de renomados profissionais da área de sonorização ao vivo e em igrejas, como: Fernando A.B. Pinheiro (editor responsável pelo site SaV e especializado em sonorização, David B. Distler (consultor associado à Audio Engineering Society e à National Systems Contractors Association), David Fernandes (Tecnólogo de Telecomunicações Membro da Audio Engineering Society), Marcelo Charles (Consultor em áudio e acústica, sonoplasta da IASD Juveve - Curitiba-PR), e outros profissionais. A todos eles a minha admiração e respeito.